Capela Senhor do Bonfim
Ano de 1859, ali as margens do corrego da água vermelha (município de Sorocaba), uma cruz assinalava um trágico acontecimento, a morte de Alfredo, filho de João Buava menino de apenas oito anos, que ajudava na entrega das compras efetuadas pelos fregueses na padaria de seu pai, e que ao montar sem arreios rumo a um pasto distante, desequilibrou-se sendo arrastado pelo cavalo até o esfacelamento.
Era neste local, que João de Camargo Barros, nascido entre junho e julho de 1858 (data incerta), filho da escrava Francisca (a Nha Chica negra ao que se conta dona de muitos conhecimentos no campo espiritual e no uso de ervas) tinha o costume de parar e fazer suas preces, ao final do dia.
Empregado na olaria de Elias Lopes Monteiro, ano de 1905, certa noite João a quem se atribuia até então o habito da bebida, embriagado e sem conseguir voltar para casa devido a uma forte chuva, deitousse ao lado da cruz de Alfredinho, onde teve uma visão, vendo Alfredo, junto a virgem Maria e ao monsenhor João Soares do Amaral dizendo para ele construir uma capela e exercer sua missão de curar os doentes.
Resolvido o conflito que tal fato pode provocar na vida de qualquer pessoa, João de Camargo construiu uma casinha para sua morada ao lado da cruz de Alfredinho (de onde se originou a capelada água vermelha). Aos poucos a noticia de que Nho João estava curando as pessoas gerou tumulto e inquietação, fazendo com que o mesmo fosse preso diversas vezes por curanderismo.
João de Camargo se tornou figura notória da ainda pequena Sorocaba da época, atraindo devotos de todos os cantos do pais e do mundo.
Quem tiver o prazer de visitar a capela erguida ali no local da cruz de Alfredinho (hoje Av. Barão de Tatuí - Sorocaba) pelas próprias mãos de Nho João e seus ajudantes, ha de constatar uma série de retratos de pessoas ilustres, outras desconhecidas, imagens católicas, outras na linha de caboclo, cigano e preto velho, tudo envolvido num balsamo de paz, sincretismo e caridade, como o demais que acompanha toda sua obra.
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